Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) e CRR

Simone Conejo, da equipe de coordenação do CRR, aborda a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) como um componente de organização do curso, do qual participa desde a primeira edição.

A experiência profissional continuamente me impulsiona a buscar mais recursos para lidar com as questões ligadas ao uso abusivo de drogas. Diferentes vivências na minha prática como psicóloga e terapeuta de família me levaram a valorizar diversas possibilidades de cuidado nessa área e, ao mesmo tempo, desenvolvi pesquisas direcionadas para a saúde masculina que também esbarravam nessa temática. Nesse sentido, quando fui apresentada à proposta de elaboração do projeto que hoje se configura como o CRR já fiquei encantada.

Entre os desafios presentes na implantação do projeto estava a tentativa de organizar cursos dinâmicos, que valorizassem experiências anteriores, especializadas e cotidianas, práticas e teóricas. Optamos pelo enfoque na Andragogia (compreendida como a arte e ciência de auxiliar o adulto a aprender), pelo desenvolvimento de cursos baseados em metodologias ativas, em especial, na Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP)1. Nesse método, cada turma é dividida em pequenos grupos com tutores, o que onera financeiramente o projeto, mas tem se mostrado adequado e tem ajudado a garantir nossos bons resultados.

Nas duas primeiras edições do projeto atuei como professora e tutora. Foram experiências fabulosas!!! O papel do tutor aborda enfatizar o aprendizado autodirigido, estimulando a curiosidade intelectual; é ser um facilitador de discussões, instigando o estudo de acordo com os interesses e o ritmo de cada pessoa; assim como, a ampliação de recursos de resolução de problemas voltados ao cotidiano profissional. Como tutores, qualificamos conhecimentos prévios d@s participantes; promovemos a habilidade de trabalhar em grupo e de interação interpessoal; sobretudo, ouvimos cuidadosamente e procuramos usar perguntas para explorar e estimular o pensamento; auxiliamos na identificação de habilidades, virtudes e fragilidades; enfim, defendemos a construção de um ambiente de confiança para o aprendizado.

No processo de aprendizagem, frustrações, conquistas, angústias, pesquisas, possibilidades e conhecimentos, cada elemento apresentado recebe espaço e utilidade. Realizamos avaliações que envolvem participantes, grupos, tutores e a metodologia da ABP, permitindo ajustes constantes durante a trajetória dos cursos e no planejamento de futuras turmas.

Nessa terceira edição do projeto, novas situações, como o afastamento da querida Profª Drª Adriana Caldeira, modificaram minha atuação e estou integrando a equipe de coordenação, o que significa lidar com outros desafios e buscar novos olhares para o processo. Por enquanto, percebo que o modo como o projeto é estruturado e, em especial, o uso da ABP, facilita que durante a formação, @s participantes passem a desenvolver uma visão integral do fenómeno do uso de drogas; troquem experiências; possam (re)qualificar conhecimentos e experiências anteriores; constituindo possibilidades de colaboração entre @s profissionais, durante suas atividades cotidianas e em diferentes serviços – o que também mostra que é possível articular o conhecimento organizacional do SUS  e do SUAS com a rede de práticas de cuidado.

Durante o processo, @s profissionais envolvid@s nas atividades de formação e aquel@s que compõem os grupos de aprendizagem apresentam boa vinculação e cooperação, um movimento que tem se estendido às redes de atendimento e às práticas de cuidado e também possibilita lidar com dificuldades que são inerentes à essa área de atenção e cuidado, mostrando que, independente das ocupações, há espaços para críticas, criatividade e cuidado.

 

1 Na ABP são organizados pequenos grupos que contam com o apoio de um tutor para estudos que usam como disparadores problemas previamente elaborados com uma breve descrição de situações, que usualmente podem ser observados na vida real. Eles são usados como ponto de partida do processo de aprendizado, requerem compreensão de termos, funcionalidades e processos subjacentes e facilitam discussões sobre práticas de cuidados e ações diversas. O problema, o trabalho em grupos tutoriais e o estudo individual são componentes fundamentais da ABP, o que exige envolvimento e uma postura ativa de todos.

dche.pnglogo-proex-positivo.pnglogoufscartrans.png Crack senad brasil